Ai meus ouvidos!

Fiquei impressionado nesse final-de-semana.

Tava aqui arrumando o set que toquei em Salvador e percebi algo intrigante mas ao mesmo tempo preocupante.

Vamos lá ver se consigo explicar direito.

Começamos ouvindo essa música aqui ó:

Não se preocupe com os arranjos nem nada.

Mas sim preocupe-se com o volume, com a “massa sonora”, com a mixagem.

Ok ?

Deu pra ouvir tudo ?

Sentir o clima ? As nuances ?

Sim, certeza.

Agora vejam a representação gráfica da música:

CarpentersClose

Dá pra ver o começo da música, onde ela aumenta um pouco o arranjo, onde volta, onde o refrão está, certo ?

Muito bem.

Agora quero que vocês ouçam essa música aqui.

Mesmo esquema.

Sem se preocupar com o artístico.

Só com a qualidade sonora.

OK ?

Pegadão, pesadão, tenso, nervoso, né ?

Agora, vamos à representação visual disso aí:

TimberRiddler

Cadê nuances ?

Cadê respiros ?

Cadê dinâmica ?

Cadê mixagem bem feita ?

Parece que o cara jogou todos os sons lá na mix, colocou um UltraMaximizer (que segura todo o som num nível que vc coloca) e tudo bem.

Cara, 1 hora ouvido música assim num volume considerável e vc morre de estafa.

Sério mesmo. Cansa.

O ouvido, o cérebro.

O corpo fica cansado pela quantidade de grave incessante impactando sua caixa torácica.

Mesmo.

Eu adoro ouvir música alta, quando toco na balada a cabine fica insuportável, não dá nem pra conversar.

Mas desse jeito aí é demais.

Outro exemplo, da mesma música mas num remix diferente:

Esse aqui é mbem bizarro também.

Como os remixes do Rehab vivem de clima “Stadium”, onde tem um pré refrão sem batida nem nada e depois todo mundo pula, nada mais legal do que preparar isso baixando um pouco o volume antes dessa explosão, certo ?

Aí quando acontece a explosão a galera vai a loucura e sai pulando que nem canguru…

Só que o cara não fez isso com o instrumental, nem criou na hora de fazer o remix.

Ele simplesmente jogou a música lá, no esquema “pretinho total” igual ao Riddler, e na hora de masterizar, trabalhou os volumes.

hahahaha

Confira:

TimberRehab

Tá vendo os “dentinhos” acontecendo durante a música ? Então. São justamente esses momentos.

Bom, prá não dizer que tô velho demais e que só música anos 70 tem essas nuances (como nos Carpenters lá em cima), vejam mais 3 exemplos de EDMs atuais e suas respectivas representações gráficas:

Disclosure – F for You

E o gráfico

08 RMX_Disclosure_FforYouBlige

Rihanna & Eminem – Monster (Jason Nevins Remix)

E o gráfico:

Eminem & Rihanna - Monster ( Jason Nevins Mix DRM ).mp3

Avicii – Wake me Up (Extended mix)

E o gráfico:

02 Wake Me Up (Original Extended Mix).mp3

Deu pra perceber as nuances ?

Por algum acaso alguma dessas três perde em massa sonora práquela lá de cima, o Timber versão do Riddler ?

Não né ? Muito pelo contrário.

E, fora isso, o que determina MUITO a qualidade da música e o volume que você consegue ouvir é a qualidade do equipamento onde essa é tocada.

Ou seja, club com som podre SEMPRE vai tocar música podre.

Um som reguladão, bacana, seja no club ou na sua casa mesmo, só ajuda a você captar tudo que o artista fez.

Tudo de bom,

Billy.

 

 


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Comentários

Uma resposta para “Ai meus ouvidos!”

  1. Avatar de Lito

    Coincidência Billy, sábado passado fiz um vídeo gravando fita cassete e comentei justamente da dinâmica na música analógica, e o post que tá no rascunho fala justamente do loudness war, e até linkei um post antigo teu que falava da massa sonora dos comerciais de TV. Estamos pedidos no zero Db…:(

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